domingo, 5 de abril de 2009


*Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos.. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados.



Mas ele ainda quer saber: Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais... E ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!*



Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais freqüência: 'Quero ser feliz ou ter razão?'



MAS GOSTARIA DE ACRESTENTAR UM PENSAMENTO SOBRE ESTE RELATO, PORQUE ELE É MUITO REDUCIONISTA.



Claro que qualquer ser humano em perfeita condição mental vai dizer: quero ser feliz, mas a minha questão é: será que não há momentos em que precisamos manter nossa individualidade?



Quantas vezes abrimos mão de "ter a nossa razão" para abraçarmos a razão do outro só para evitarmos o conflito que, mais dia menos dia, vai acontecer?



Aí, ao olharmos para trás vemos o quanto de "nãos" deixamos de dizer, o quanto nos anulamos pra que o outro fosse feliz com a razão dele que, muitas vezes, nada tinha a ver com a nossa.



Não se trata de egoísmo nem de malcriação, mas de uma simples questão de amarmos a nós mesmos, nos aceitarmos como somos, com o belo e feio, o bom o mal que há dentro de todos nós.



Tentamos ser bonzinhos demais muitas vezes e, quando acordamos deste mundo fantástico que criamos, estamos complemente sós.



Por isso, a palavra TOLERÂNCIA é a mais sábia das palavras porque ela propõe admitir, nos outros, maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às nossas.



Ter razão é ter a verdade. A verdade não é algo absoluto, posto que existem muitas verdades.



Assim, seja feliz com a sua verdade, ainda que ela não seja aquela que todos aceitem.