domingo, 15 de abril de 2012

Servidores e GDF: farinha do mesmo saco

Hoje, 15/5, fez uma semana que o Saulo foi assassinado. A PM terminou seu movimento "Obrigado, bandido" e os professores continuam em greve, colaborando para que outros crianças e jovens se transformem em assassinos. 


Tenho conversado com muitas pessoas que trabalham no DF e que não são funcionários públicos. É uma grande massa de pessoas que tem carteira assinada, salários médios de R$3.000,00 e luta muito pra sobreviver em jornadas que muitas vezes chegam a 10 horas por dia.


Enquanto isso, os funcionários públicos do DF, em sua maioria, trabalham pela manhã ou à tarde.


Tem tempo de levar o filho à escola, ir à academia para ficar bonito e saudável, fazer compras no supermercado.


Enquanto isso, o povão da CLT se espreme em ônibus sem condições porque o MPTDF não está nem aí para as condições desumanas do transporte público. O MPTDF também não está preocupado com os índices de violência das cidades satélites de Brasilia.


Mulheres são estupradas e homens de bem assassinados diante da família porque a PM acha que eles ganham pouco, mesmo sendo o maior salário do Brasil. Só pra começar como um simples soldadinho são R$ 4.000,00 - quase o que um sargento do exército ganha após pelo menos 5 anos de uma vida miserável em fronteiras lotadas de traficantes de drogas e armas. Aqui no DF, a PM se dá ao luxo de dormir na viatura sem se preocupar em levar um tiro na cara como no RJ e em SP!


No DF, um professor apenas com graduação que pode ser obtida em qualquer faculdade pela Internet tem remuneração inicial de R$ 3.069,08 por 40 horas semanais, somado o salário-base a gratificações. Se estiver no regime de dedicação exclusiva, o salário inicial, com as gratificações, é de R$ 4.226,47. Se o professor tiver mestrado, a remuneração sobe para R$ 3.572,60 (R$ 4.923,65 em dedicação exclusiva). Com doutorado, o professor ganha R$ 3.732,27 de salário inicial (R$ 5.144,73 em dedicação exclusiva). OS DADOS SE REFEREM AO INÍCIO DE CARREIRA.


E tem mais: o GDF paga  para o professor estudar e melhorar seu salário!


Além disso, de janeiro até o dia 10 de março, quase 1,7 mil professores tiraram licença para tratamento de saúde - uma média de 24 por dia, sendo que 30 estão em recuperação de dependência química; 455 estão sem trabalhar para cuidar de um parente doente (!), número que, aliás, vem subindo a cada mês.


Imagine uma trabalhadora da CLT chegar para o patrão e dizer: "ô chefe, segura aí que eu preciso cuidar da mamãe que está doente". É demissão na hora, sem perdão.


Isso sem contar com auditores fiscais que não recuperam os tributos que são retidos dos consumidores pelas empresas e que não são recolhidos aos cofres do GDF; com os fiscais da AGEFIS que permitem toda sorte de atividades ilegais, fazendo vista grossa; dos juízes do TJDFT que demoram mais de seis meses para julgar um caso nos Juizados Especiais; médicos que não querem trabalhar 20 horas em hospitais por um salário de R$ 8.000,00; enfermeiros e auxiliares de enfermagem que não se importam com o sofrimento das pessoas e muitas vezes as deixam morrer à míngua porque "estão velhas e vão morrer mesmo".


E a estes se somam muitos outros servidores que não estão nem um pouco preocupados com os jovens, mulheres e homens presos e que são pagos para garantir sua ressocialização; com aqueles que foram contratados para cuidar do trânsito e que simplesmente desaparecem nos momentos de "pico" dos engarrafamentos;  com a omissão e o desdém dos que trabalham nas divisões administrativas e que são responsáveis pela logística e administração da máquina pública.


O fato é que o cidadão comum está cansado. Cansado de ser enganado pelos políticos e pela grande maioria de servidores do DF.


Apenas uma pequena parte dos servidores é composta por pessoas que realmente quer fazer algo pela nossa cidade. A maioria só quer uma cadeira ( ou viatura) e um contra-cheque bem gordo no fim do mês e dane-se o povo.


Fica a minha pergunta: qual é diferença de um servidor público omisso e preguiçoso de um político que usa o cargo público para obter vantagens pessoais?


Para mim, cidadã contribuinte, a diferença é NENHUMA.


Por isso, aqui vai um conselho para os servidores do GDF: se vocês querem realmente um reajuste de salário, trabalhem com afinco, eficiência e dentro da lei.


Assim, quem sabe, quando o resultado do trabalho começar a aparecer e incomodar os políticos que vocês chamam de corruptos, eles resolvem dar aumento para vocês pararem de trabalhar!