domingo, 10 de julho de 2011

Desejos não são direitos


Imaginem uma sociedade onde todos pudessem realizar seus desejos ilimitadamente.

Em uma sociedade construída sobre os desejos humanos, qualquer um poderia, desde que assim o desejasse, excluir um ser humano da face da Terra por julgá-la indigno de viver, ou seja, poderia simplesmente tirar-lhe a vida por não lhe ter simpatia, por discordar de seu pensamento ou em decorrência de sua condição social, cor da pele ou opção sexual.

Do mesmo modo, uma pessoa do sexo masculino poderia, conforme seus desejos, subjugar qualquer mulher aos seus caprichos sexuais, não importando se ela deu o seu consentimento para isso.

Imaginem, o que seria se nossas crianças pudessem ser utilizadas para o mesmo fim sexual, sem qualquer limitação?

Pensem em como seria difícil viver, com a limitação da liberdade de pensar em novas situações que pudessem tornar a vida humana mais digna e igualitária.

Logo, diante dos exemplos, pode-se concluir que viveríamos em uma sociedade onde desejos são direitos.

O ser humano, nas primeiras eras deste planeta, vivia dessa maneira: não havia quaisquer limites ao desejo. Conceitos como vida, liberdade, infância, democracia, foram sendo construídos nestes milhares de anos da existência do homem na Terra.

Assim, a cada passo dado pela humanidade, avançamos nossas leis no sentido de limitar nossos desejos para que pudéssemos adquirir o que chamamos de civilização.

Ser civilizado é o que nos diferencia dos animais, haja vista que eles vivem de acordo com seus instintos e nós de acordo com o pensamento racional.

Logo, desde o princípio, limitamos a realização de nossos desejos com as leis. Cada sociedade que se construiu ao longo desses milhares de anos foi criando suas regras de acordo com seus pactos sociais.

No Brasil, matar não é permitido sob qualquer hipótese, fato que ocorre nos Estados Unidos e China e alguns países do Oriente Médio - que tem pena de morte.

No Brasil, submeter alguém a conjunção sexual, sem consentimento, é crime de estupro, assim como o abuso sexual de menores - este último não considerado em muitos países que permitem o defloramento de meninas na mais tenra idade.

No Brasil, o direito à liberdade de pensamento é direito garantido na Constituição mas, em 1964, esse direito nos foi castrado pela Ditadura Militar por mais de 20 anos.

Mas, ainda nos falta a consciência de que não são apenas as leis que tornam melhores seres humanos.

A bem da verdade, nos últimos tempos, as leis vem sendo elaboradas para nos proteger uns dos outros - o que é terrível - posto que vivemos a ponto de querer eliminar todo e qualquer espaço de oportunidade de vida ao outro.

Já não disciplinamos desejos; conduzimos formas de proteção individual ao invés de tratarmos do que é coletivo.

Esse é um primeiro pensamento que não vai se esgotar neste post.